Tesla Model S surpreende em sua performance

Venda de carros elétricos no mundo: o relatório completo

Relatório publicado por EV volumes

Escrito por Roland Irle

A entrega global de veículos plug-in alcançou a marca de 1.134.000 unidades na primeira metade de 2019, 46% a mais em comparação com 2018. Em termos de volume, o aumento foi de 358 mil unidades, igual à totalidade do mercado americano de veículos plug-in em 2018. Isso inclui a venda de todos os carros e caminhões leves BEV – totalmente elétricos – e PHEV – híbridos plug-in – nas américas e veículos comerciais leves na Europa e Ásia. 

Sua participação no mercado global de veículos leves foi 3,5% em junho e 2,5% no primeiro semestre de 2019. 74% das vendas foram de veículos elétricos (BEV) e 26% de híbridos plug-in (PHEV), uma mudança massiva de 11% para os totalmente elétricos, comparada ao primeiro semestre de 2018. Essa mudança foi impulsionada pela disponibilidade total do Model 3, esquemas impostos/subsídios revisados e a introdução do teste de ciclo de consumo e emissão WLTP (Worldwide Harmonised Light Vehicle Test Procedure) para emissões de CO2, todos levando a uma maior demanda por carros elétricos. 

Resultados preliminares de julho mostram um crescimento setorial significativamente mais lento em relação ao S1 (primeiro semestre), apenas 4% no mundo. As duas razões principais: (1) Em julho, esquemas de subsídios revisados tornaram-se totalmente efetivos na China, excluindo veículos com alcance abaixo de 250 km e cortando subsídios pela metade para veículos elétricos com autonomia maior. 

A venda de veículos NEV (veículos com novas energias) diminuiu em 2% na China em julho, seguindo um crescimento de 79% em 2018 e de 66% no S1 de 2019. Esperamos um declínio em agosto também, seguido por uma recuperação gradual das taxas de crescimento de 30% para o restante do ano. (2) O mercado americano aumentou 89% ano passado; a maior parte do crescimento veio do Tesla Model 3 e no segundo semestre de 2018. 

Depois de escapar do inferno de produção, as entregas do Model 3 foram as mais altas possíveis, cobrindo o grande número de pedidos. O aumento do ano passado pode não ser esperado para 2019 – previsão – quando a maioria das marcas, exceto a Tesla, venderam menos plug-ins nos EUA em 2018. 

Por seu grande volume, a China ainda é a maior contribuinte de crescimento com 257 mil unidades (+66%) adicionadas ao total de 645 mil unidades nos primeiros 6 meses. O crescimento da Europa no S1 foi de 34%, +67 mil unidades, ainda retidas por estoque apertado, listas de espera para carros elétricos populares e o esgotamento dos híbridos plug-in mais vendidos. 

A venda desses tipos de carro nos EUA cresceu 23% no S1, + 27,5 mil unidades, e com o Model 3 aumentando para 45 mil unidades, isso significa o declínio das vendas para muitos outros. Entre os mercados que mais crescem, com mais de mil unidades vendidas, estão a Irlanda (+183%), Holanda (120%), Dinamarca (+86%) e Polônia (+81). Muitos mercados no sudeste da Ásia têm crescimento de três dígitos. 

A líder é a Noruega, como sempre. Contando apenas carros de passageiro, 58% da venda de novos carros foram os carregados por eletricidade. A Islândia fica em segundo lugar com 18% e a Suécia em terceiro com 11% no S1 de 2019. (…) Entre as maiores economias, a China lidera com participação de 6% no mercado dos plug-ins. 

Entre outros mercados automobilísticos com mais de 1 milhão de vendas totais, o Canadá lidera com 2,7%. Todas as outras mostram 2,5% ou menos combinadas no S1. O mais vendido, com uma margem ampla, foi o Tesla Model 3 com cerca de 128 mil unidades entregues ao redor do mundo no S1 de 2019. 

Isso os aproxima dos principais modelos de carro de combustão interna no segmento médio de luxo, ainda tendo a desvantagem de taxas de importação no vasto mercado Chinês de EVs. Nos EUA, os elétricos e híbridos plug-in superam as vendas dos modelos a combustão de entrada da BMW, Mercedes e Audi em uma proporção de dois para um. 

Gráfico 1
Gráfico 1: venda mensal de veículos plug-in (elétricos e híbridos plug-in) em 2017, 2018 e 2019. 

57% das vendas de carros elétricos e híbridos plug-in foram na China

A China avançou mais na indústria dos EVs com 66% mais NEVs vendidos em relação ao último ano no S1 e representou 57% das vendas mundiais desse tipo de veículo. Em junho, a participação de NEVs em todos os veículos leves vendidos chegou a 8,1%. Em contraste com o crescimento das vendas de veículos NEV, a desaceleração do mercado geral de carros continuou. 

As vendas de veículos leves no S1 na China cairam mais de 12% em comparação ao S1 do ano passado. A venda de carros a combustão caíram 14%. Em uma base anual, o volume de carros a combustão é menor em 2,5 milhões de unidades em comparação ao pico do mercado de 2017, enquanto os NEVs ganharam quase 1 milhão em comparação a 2017. 

As perdas no Japão estão relacionadas ao declínio das vendas do Toyota Prius à transição do Nissan Leaf para a versão com 60 kWh. Também o terceiro lugar no ranking de vendas, o Mitsubishi Outlander, ficou estável. Em outros casos, alguns pontos de destaque. 

Os procedimentos dos testes de CO2 da Europa e os esquemas de impostos ficaram mais rígidos com os híbridos plug-in em diversos países e isso mostra a proporção de BEVs por PHEVs vendidos. A participação dos carros elétricos no mix aumentou de 51% para 68%. O volume de BEVs aumentou 79% enquanto os PHEVs perderam 12% em comparação com o S1 de 2018. 

O aumento na Europa foi de 34% mas poderia ter sido maior com uma disponibilidade maior dos modelos populares. Quase todo o crescimento desse tipo de veículo nos EUA pode ser atribuído ao Tesla Model 3. “Outros” inclui a venda de veículos elétricos no Canadá (26,9 mil vendas até agora, +24%), Coréia do Sul (16,7 mil vendas, +43%) e muitas montadoras de crescimento rápido de EVs ao redor do mundo. 

Gráfico 2
Gráfico 2: Venda e crescimento de EVs ao redor do mundo. Comparação entre S1 de 2019 e 2018

Tesla Model 3 mantém um status especial

Como esperado, mas ainda assim impressionante, o novo carro da Tesla foi o plug-in mais vendido do S1 com uma grande margem. O volume de vendas se aproxima dos concorrentes premium que vendem de 300 a 400 mil unidades por ano. Assim que a produção ficar localizada na China, os volumes globais poderão ser comparados aos líderes do segmento médio de luxo. 

Abaixo do número 1, as mudanças no ranking foram muitas, em comparação com 2018: o subcompacto série EC da BAIC tropeçou em barreiras de subsídios, perdeu mais de 30 mil vendas e agora está na 38º colocação. Enquanto isso, a BAIC reviveu a série EU, um perdedor anteriormente. 

Ele escalou para a 2ª colocação como uma fênix. O Nissan Leaf manteve a 3ª posição, apesar da queda nas vendas. Os próximos 10 concorrentes venderam de 20 a 30 mil no primeiro semestre. A Tesla estava nessa mesma média no S1 do ano passado, mas perdeu muito volume nos modelos X e S este ano e saiu do top 10. O BYD Yuan EV, um pequeno SUV com 400 km de autonomia, se tornou um sucesso instantâneo e vendeu 29 mil unidades na China desde março. 

O Mitsubishi Outlander PHEV ainda está indo bem. Com sua bateria relativamente grande de 12 kWh, ficou abaixo do limite de 50g de CO2, mesmo no teste WLTP mais rigoroso. Na Europa, foi um substituto atraente para todos os híbridos plug-in descontinuados. 

Os elétricos BYD e5 e o Geely Emgrand são atraentes no segmento em rápido crescimento dos apps de carona compartilhada (como o DiDi) e ganharam mais volume. O Renault Zoe subiu 3 posições, mesmo que seja substituído até o final do ano. 

Note que apenas 2 dos top 10 são híbridos plug-in (PHEV) e são ambos SUVs. 

Gráfico 3
Gráfico 3: Top 10 – entrega de carros elétricos e híbridos plug-in ao redor do mundo de janeiro a junho.

5 vezes mais híbridos leves (MHEVs) em um ano 

Fora da área dos plug-ins (elétricos e híbridos), uma nova geração de híbridos entrou em cena: os chamados híbridos leves (Mild Hybrids), ou MHEV. Eles usam um motor elétrico como auxiliar do motor e recuperam um pouco de energia cinética durante a desaceleração. 

Eles não são carregados de forma externa e não movem carros totalmente elétricos (ainda). A economia de combustível é normalmente cerca de 10% em comparação com um carro a combustão interna (ICE, em inglês), mas a tecnologia tem um custo mais baixo do que os híbridos normais (HEV) e é mais fácil de integrar com powertrains tradicionais. Os MHEVs tornaram-se variantes padrão em muitos casos pela German OEM e eles vendem em altos volumes, por exemplo, nas picapes RAM da Fiat-Chrysler. 

Contando com veículos de passageiros, os veículos BEC, PHEV, HEV e MHEV tiveram um volume de 3,05 milhões de vendas “xEV” no S1 de 2019 – BEV 820 mil, PHEV 296 mil, HEV 1,370 milhões e MHEV 564 mil. O mapa mostra a divisão em geografias e conceitos para o primeiro semestre de 2019. Em comparação com o S1 de 2018, as mudanças são as seguintes: BEV +75%, PHEV +4%, HEV +16%, MHEV +550% e 51% para todos os xEV juntos.

Os vínculos do Japão com os veículos híbridos permanecem excepcionais: 89% de todas as vendas mundiais de HEV são de marcas japonesas, 43% de todas as vendas de HEV são no Japão, e uma em cada quatro vendas no Japão é de um híbrido. 

O Japão ainda está demorando para adotar os plug-ins e MHEVs. As razões são muitas: liderança sólida na produção e design de carros híbridos é uma delas. A falta de opções locais de plug-ins é outra razão: apenas 6 modelos locais estão disponíveis, 3 deles (Leaf EV, Prius PHEV e Outlander PHEV) representam 90% de todas as vendas de plug-ins. Os importados são um nicho pequeno. 

A economia de impostos em eco-carros é similar para PEVs e maior para HEVs. Apenas 5 variantes de MHEV estão disponíveis e parecem inúteis em relação a mais de 70 modelos com melhor economia de combustível. 

O crescimento de carros elétricos e híbridos plug-in está diminuindo

De volta aos plug-ins (elétricos e híbridos plug-in), o S1 de 2019 teve um crescimento saudável, +46%, mesmo que o desenvolvimento do Market Share tenha se tornado instável. Os altos e baixos estão parcialmente relacionados às altas entregas no final do trimestre do Tesla Model 3. 

No entanto, a principal razão está na venda de NEV na China. Subsídios foram removidos para EVs com autonomia inferior a 250 km e cortados pela metade para todos os outros modelos. O período de transição começou em abril e as novas regras passaram a funcionar por completo em julho. As vendas de NEVs foram antecipadas para março e junho em antecipação às condições mais difíceis. 

Os resultados preliminares de julho mostram o impacto completo do novo esquema e a execução em NEVs em junho. Para o restante do ano, esperamos um crescimento bem mais lento na China. Para a tendência de crescimento global, isso significa uma redução dos 46% que tivemos no primeiro semestre para 15-20% no restante do ano. 

Gráfico 04 - Relatório carros elétricos
Gráfico 4: Participação de carros elétricos mês a mês

Número de EVs: 1 em 175

Para todo o ano de 2019, esperamos a venda de 2,5 a 2,7 milhões de plug-ins. Isso é menor que nossa perspectiva anterior de 3 milhões e refere-se principalmente ao corte de subsídios na China, que foram mais severos do que anunciado em planos de políticas anteriores. Além disso, a absorção de PEVs nos EUA é anormalmente fraca para qualquer modelo que não seja o Model 3.  

Em termos de participação global, isso significa de 2,7 a 2,9% para 2019, o que ainda é 7 vezes maior do que 5 anos atrás. Até o fim de 2019, o número de veículos plug-in alcançará a marca de quase 8 milhões ao redor do mundo, um aumento de 49% em relação a dezembro de 2018. 

Com um número de veículos leves ao redor do mundo de 1,4 bilhões, os plug-ins representam apenas 0,57% ou 1 em 175. O crescimento é exponencial e o panorama geral mudará muito mais rápido do que o histórico de vendas sugere. A adoção de tecnologias bem-sucedidas segue curvas em S, e não linhas retas. 

Gráfico 05 - carros elétricos
Gráfico 5: frota de veículos plug-in x vendas anuais

 O número de carros elétricos e híbridos emplacados no Brasil

O Brasil está começando a receber os veículos “verdes”. Por enquanto, as vendas desse tipo de veículo por aqui são muito pequenas e não podem ser comparadas aos EUA ou China.

Para se ter uma ideia, entre 2004 e 2019, foram emplacados, segundo dados do Denatran, 406 unidades de carros totalmente elétricos. Considerando o período entre outubro de 2018 a junho de 2019, foram 106 unidades.

Os híbridos, no entanto, fazem mais sucesso por aqui. De outubro de 2018 até o segundo semestre de 2019, foram emplacadas mais 1500 unidades.

Além dos elétricos e híbridos comuns, no mesmo período, foram emplacados 646 híbridos plug-in e 46 unidades de carro com extensor.  

Para saber todos os dados sobre número de elétricos e híbridos emplacados e ativos no Brasil, acesse o Fórum VE!