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Caminhões elétricos: como funcionam e reduzem os custos operacionais da frota

Em novembro do ano passado, a Tesla causou certo rebuliço ao anunciar mais um veículo – o primeiro caminhão elétrico da montadora. Os pesados, ao que tudo indica, serão parte de uma nova tendência de mercado para os elétricos.

O funcionamento dos caminhões elétricos

Atualmente, o mercado de caminhões elétricos é restrito a veículos menores, como esses que vemos realizando entregas e outros serviços no cotidiano.

Para chegar aos gigantes presentes nas estradas, ainda falta um pouco.

Um dos grandes problemas para impulsionar um caminhão é o peso, tanto do veículo quanto da carga. É necessário uma enorme quantidade de energia elétrica para impulsionar um desses veículos.

E, como acontece com os demais veículos elétricos, a autonomia é um problema – nesse caso, ainda maior. Portanto, o transporte de mercadorias em longas viagens na estrada ainda não é possível.

No entanto, o uso de caminhões elétricos já é uma realidade em outros casos.

Serviços que rodam distâncias relativamente curtas dentro do perímetro urbano e com muitas paradas, como no caso de coleta de lixo, entregas e mudanças, o motor elétrico é uma alternativa a ser considerada.

Além de não haver uma exigência muito grande quanto à autonomia, já que é possível reabastecer ao fim de um turno de serviços, o alto número de paradas realizadas ao longo do trajeto é um problema para motores a combustão, levando ao desgaste excessivo, gerado pelo liga-desliga do motor.

Esse, no entanto, não é um entrave para os propulsores elétricos.

Para as rodovias, uma das alternativas pensadas, enquanto a tecnologia elétrica tenta avançar na questão da economia, é a utilização de estradas “eletrificadas”.

Caminhões podem ser conectados a cabos de energia que passam sobre a via.

A outra opção é conectar o próprio caminhão à via, que contaria com um sistema de geração de energia.

A questão econômica também deve ser levada em conta.

Redução de custos com caminhões elétricos

Uma frota de caminhões opera como qualquer outra empresa – ou seja, pretende lucrar.

Portanto, a substituição da frota de veículos convencionais, movidos a diesel, pelos elétricos deve compensar pelo tradicional fator custo-benefício.

Orange EV


Mike Saxton, da fabricante de caminhões elétricos Orange EV, estima que um produto concorrente movido a diesel custe, em média, US$ 125 mil.

Para comparação, a faixa de preço da Orange vai de US$ 199.950 a nada módicos US$ 284.950. Ou seja, o investimento em uma renovação total da frota não é dos mais baratos.

Os fatores que devem ser levados em conta serão elencados a seguir.

Manutenção

Motores elétricos apresentam um desgaste menor com relação aos movidos a combustão.

Isso deve-se em grande parte ao menor número de componentes, já que a estrutura de um propulsor elétrico conta exclusivamente com baterias.

As frotas podem chegar a exigir até seis mil horas de uso de um mesmo caminhão.

Quanto mais pesado o serviço, maior será o gasto com a manutenção dos componentes de um motor a combustão.

Abastecimento

O outro grande gasto das frotas de caminhões é com o reabastecimento. A estimativa de consumo médio para um desses veículos é de 9,45 litros de diesel por hora.

No Brasil, o litro do diesel oscila na faixa de R$ 3,35. Nos Estados Unidos, o galão custa, em média, US$ 2,50 (ou aproximadamente US$ 0,26 por litro).

Quanto à energia elétrica, o kWh no Brasil varia de R$ 0,35 a R$ 0,60, e tem média de US$ 0,12 nos Estados Unidos.

Como essa é, em geral, a principal despesa das frotas, a economia com os gastos em combustível poderia compensar o investimento na renovação e até mesmo na montagem de uma estrutura própria para recarga das baterias.

A montadora Scania estima que a economia energética gira em torno de 50%.

Emissão de gases

Este é um argumento extremamente comum quando falamos em veículos elétricos. Para os caminhões, que ficam atrás somente dos carros na emissão anual de gases, não é diferente.

Com a tendência das regulamentações tornarem-se cada vez mais rígidas quanto a isso, os elétricos ganharão mais espaço no setor de caminhões.


Com uma busca cada vez maior por soluções ecologicamente corretas, oferecer uma frota de caminhões “verde” é também um diferencial.

Condições de trabalho

Orange EV Azul

Motores movidos a diesel são desconfortáveis para trabalhar.

Além do barulho, a temperatura elevada é outro problema.

Há casos de motoristas que apresentam até sinais de surdez devido à utilização constante desses motores. Tais problemas são reduzidos significativamente pelos propulsores elétricos.

O barulho é eliminado, e a temperatura é reduzida drasticamente.

Em países – como os Estados Unidos – que já adotam um número maior de caminhões elétricos, a opinião a respeito da mudança entre os motoristas é positiva, muito em função dessa melhora nas condições de trabalho.

A Tesla no mercado de caminhões elétricos: o Tesla Semi

Como não poderia deixar de ser, a Tesla já busca entrar neste mercado. No final de 2017, a montadora americana lançou o Semi, seu primeiro caminhão.

Seguindo a linha habitual da fabricante, o Semi alia eficiência ao desempenho.

Para começar, o modelo apresenta o menor coeficiente aerodinâmico já registrado para um caminhão: apenas 0,36, comparável ao de um carro comum.

Contando com quatro eixos, o caminhão é equipado com um motor independente em cada um deles. Isso permite que o Semi alcance os 100 km/h em apenas 20 segundos caso carregue uma carga máxima.

Tesla Semi entrega gigafactorySem qualquer peso adicional, o tempo cai para cinco segundos.


A autonomia média é de 480 quilômetros, mas pode chegar aos 800 dependendo da utilização, com tempo de recarga de 30 minutos para 640 quilômetros.

A velocidade máxima é de 105 km/h.

Internamente, além de contar com adicionais comuns aos veículos da Tesla, – como piloto automático e central de controle eletrônica – o Semi inova também com a posição dos assentos.

Ao invés de posicionar os dois bancos lado a lado, a montadora inovou e centralizou a posição.

Assim, o motorista senta à frente, enquanto o ajudante ocupa o assento traseiro. Com isso, a proteção em caso de colisão é maior.