De volta ao tópico dos carros autônomos, agora voltaremos a atenção para a presença dessa tecnologia no Brasil.
Alguns modelos presentes no mercado nacional já contam com algum nível de autonomia.
No entanto, embora já haja iniciativas e pesquisas voltadas para esse fim, ainda não há uma presença significativa desse tipo de tecnologia no país.
Além do mais, a legislação exige a presença de um motorista (humano) com as duas mãos ao volante.
No texto a seguir, você saberá um pouco mais a respeito da tecnologia dos carros autônomos.
Também conhecerá os modelos semiautônomos disponíveis no mercado brasileiro e as iniciativas nacionais para desenvolver a tecnologia.
O que você vai ver aqui:
Carros autônomos
Antes de apresentar o panorama dos carros autônomos no Brasil, é preciso falar um pouco mais a respeito desse tipo de veículo.
Como o próprio nome sugere, um carro autônomo é capaz de circular sozinho, sem haver a necessidade de um motorista para dirigi-lo.
Para isso, há o uso de diversas tecnologias, tais como radares, lasers, odometria, posicionamento via câmeras.
A central eletrônica do carro analisa esses impulsos e determina como agir.
A SAE International (Society of Automotive Engineers, ou Sociedade de Engenheiros Automotivos, em tradução livre), classifica os carros autônomos em seis diferentes níveis conforme a capacidade de autonomia do veículo.
- Nível 0: Presença de sistemas de alerta, além da possibilidade de intervir em situações extremas, de emergência.
- Nível 1: O carro é capaz de assumir funções simples, como manter a velocidade constante em uma via ou então estacionar sozinho. O motorista deve estar preparado para retomar esses controles a qualquer momento.
- Nível 2: O veículo é capaz de controlar tanto a direção quanto a velocidade, mas o motorista deve manter-se atento para assumir o controle a qualquer instante, especialmente quando for necessário evitar acidentes.
- Nível 3: O motorista pode deixar todas as funções sob o controle do carro, inclusive em situações de emergência. Caso precise retomar o comando por algum motivo, será alertado pelo próprio veículo.
- Nível 4: Mesmo grau de autonomia presente no nível anterior. A única diferença é que, caso o motorista não assuma o controle do carro quando informado, o veículo irá parar por conta própria.
- Nível 5: A presença de um motorista não é mais necessária.
Tendências de mercado apontam que os carros autônomos inevitavelmente serão introduzidos.
O principal fator é a segurança, já que pesquisas apontam uma redução de até 90% na ocorrência de acidentes.
A presença dos carros autônomos no Brasil
O Brasil ainda não conta com nenhum modelo de carro autônomo. No entanto, o mercado nacional conta com quatro veículos semiautônomos.
São eles: Audi A5, BMW Série 5, Mercedes Benz Classe E e Volvo XC90. Os quatro são classificados como Nível 2 dentro da classificação estabelecida pela SAE.
O maior empecilho para a entrada definitiva desse segmento de mercado no país é a limitação de infraestrutura.
Além da dificuldade com sinais para os sensores e radares, até mesmo uma questão mais simples, como a sinalização em vias, aparece como um obstáculo para a presença do carro autônomo no Brasil.
Atualmente, o preço é outro limitador, já que os veículos semiautônomos presentes no mercado são todos de luxo.
Audi A5
O primeiro modelo da lista é o Audi A5.
O modelo da montadora de Ingolstadt. O sistema semiautônomo do A5 é um opcional de fábrica chamado Traffic Jam Assist.
Como o próprio nomes sugere, o sistema funciona em situações de trânsito.
O veículo é capaz somente de seguir outros carros, realizando as ações dos veículos à frente.
Assim, pode acelerar, frear e até mesmo fazer curvas, contanto que essas ações ocorram dentro do limite de 65 km/h.
O Audi A5, entretanto, não consegue realizar essas tarefas na ausência de outros carros para usar como referência.
Sozinho, o modelo pode seguir em uma mesa faixa de estrada, em linha reta, a até 200 km/h.
Também pode sair de vagas de estacionamento sozinho, até mesmo na perpendicular.
O A5 custa de R$ 228.590 (preço de fábrica sem opcionais) a R$ 281.590.
BMW Série 5
O BMW Série 5 conta com um controle de cruzeiro (cruise control) adaptativo.
Utilizando câmeras posicionadas em quatro pontos distintos do veículo, a central eletrônica analisa as distâncias e posiciona o carro.
O limite de velocidade para o funcionamento do sistema é muito maior, de 210 km/h.
Com ou sem a presença de tráfego, o BMW Série 5 pode percorrer o trajeto sozinho a partir das faixas da pista. Também é capaz de frear para a passagem de pedestres.
Na estrada, o veículo identifica a presença das faixas da pista e se posiciona conforme necessário, mantendo a velocidade constante e até realizando curvas mais abertas.
Por contar com um sistema autônomo de Nível 2, é necessário que o motorista navegue com as mãos ao volante e esteja preparado para retomar o controle do carro a qualquer momento.
Caso o veículo identifique uma falha na sinalização das faixas, o sistema automaticamente passa o controle do carro ao condutor.
O BMW 540i M Sport, modelo da Série 5 que conta com o sistema semiautônomo, tem preço de fábrica estabelecido em R$ 399.950.
Mercedes-Benz Classe E
O sistema Drive Pilot do Mercedes-Benz Classe E também permite que o veículo assuma a posição a partir da identificação das faixas da pista.
O limite de velocidade também é de 210 km/h. Na estrada, o carro é capaz de manter-se em velocidade constante e na mesma faixa.
A principal distinção que o sistema Drive Pilot oferece é a autonomia maior. O veículo é capaz de frear caso detecte a possibilidade de colisão, seja com um outro carro, ciclista ou pedestre.
Também pode realizar curvas fechadas, contanto que haja sinalização adequada na pista, e é capaz de estacionar sozinho até mesmo em vagas mais estreitas.
O Mercedes-Benz E250 Exclusive, único modelo Classe E que conta com esse sistemas, está a venda no Brasil por R$ 328.900.
Volvo XC90
Único SUV da lista, o Volvo XC90 apresenta sistema semelhante aos anteriores.
Capaz de permanecer na mesa faixa de pista a até 210 km/h, o modelo da montadora sueca apresenta como diferencial os sensores com maior capacidade de identificação.
Com isso, o XC90 pode evitar colisões não apenas com carros e pedestres, mas também com animais e objetos que estejam na pista.
Além disso, é possível acompanhar outros veículos no trânsito a até 50 km/h, com o SUV acompanhando os movimentos realizados pelo carro à frente.
Além do sistema de condução semiautônoma, o modelo ainda conta com dois outros opcionais de segurança.
O primeiro é o BLIS, que detecta alerta o motorista sobre a presença de outros veículos em um ponto-cego do retrovisor.
O outro é o Oncoming Lane Mitigation, que emite um sinal sonoro ao condutor caso um outro carro se aproxime na direção oposta.
O Volvo XC90 T8 Inscription é a versão do utilitário esportivo que conta com esses sistemas.
Outro diferencial do modelo é a presença do sistema híbrido, o que o torna o único carro desse tipo a venda no Brasil com um sistema de direção semiautônomo.
O preço de fábrica do XC90 T8 Inscription é de R$456.950.
O investimento no setor de carros autônomos
Além das próprias montadoras, outras empresas já buscam investir no desenvolvimento de carros autônomos.
A mais notória é a Waymo, parte do conglomerado Alphabet Co., do Google.
A empresa foi criada unicamente com o intuito de seguir em frente com o desenvolvimento do carro autônomo do gigante de buscas.
A Waymo assumiu o protótipo conhecido popularmente como Google Car.
O Google, a propósito, inovou ao tentar produzir o próprio carro. Lançado em 2014, o projeto, chamado Firefly, foi aposentado em julho de 2017, com o intuito de permitir que a Waymo pudesse concentrar seus esforços unicamente na melhoria do sistema de piloto automático.
Esse, por sua vez, será instalado em carros de outras fabricantes.
Mais recentemente, no dia 20 de fevereiro deste ano, a Waymo foi autorizada pelo governo do estado americano do Arizona a funcionar como uma empresa como uma empresa de transportes.
Ou seja, a partir de agora, uma frota do modelo Chrysler Pacifica estará disponível para carregar passageiros utilizando o sistema de direção autônoma.
Além da Waymo, Uber e Apple também investem no desenvolvimento desses sistemas.
A empresa de transportes já conta com protótipos equipados com direção autônoma, mas ainda encontra-se em fase de testes.
Já a empresa de tecnologia inicialmente anunciou planos de fabricar seu próprio carro autônomo, antes de recuar da ideia e anunciar uma parceria com a BMW com a intenção de desenvolver o sistema para os carros da montadora alemã.
Startup de sistema para carros autônomos brasileira: 3DSoft
O Brasil também já está no mapa dos carros autônomos. A 3DSoft, empresa de São Carlos composta por ex-pesquisadores da USP, é uma startup que planeja desenvolver sistemas que possam tornar qualquer veículo em um carro autônomo.
A 3DSoft não planeja fabricar carros autônomos, mas sim produzir os sistemas para veículos.
Assim, não há restrição de mercado, permitindo que qualquer modelo torne-se um carro autônomo.
A empresa começou a operar em setembro de 2017, criada pelos sócios Patrick Shinzato, Daniele Ridel e Luis Alberto Rosero.
O objetivo era tentar cobrir a alta demanda de empresas e montadoras que encomendavam pesquisas no setor de carros autônomos à USP.
Sem investidores no setor privado, a 3DSoft mantém a parceria com a USP, além de buscar investimentos junto à FAPESP.
Pioneira desse mercado no Brasil, a empresa planeja ocupar o espaço como referência quando o segmento crescer no país.