Alguns carros elétricos pegaram fogo e fizeram com que algumas pessoas se preocupassem com a segurança. No entanto, os números demonstram que veículos elétricos são mais seguros que os veículos a combustão.
Apesar de serem mais seguros, quão mais seguros são os novos carros elétricos?
É claro que desejamos veículos confiáveis e segurança na estrada; como resultado disso temos leis, agências de segurança veicular, metodologias de teste e muito mais, em todo o planeta.
Se um carro é movido a eletricidade não significa que possa simplesmente ignorar esses regulamentos e órgãos governamentais.
Carros elétricos têm que passar pelos mesmos testes e se enquadrar nas mesmas instruções de segurança que seus similares movidos a gasolina. Bem, exceto aqueles testes e legislações que se referem a tanques de combustível, pois carros movidos a eletricidade não os possuem.
A segurança veicular é uma área vasta, mas o que mais tem chamado a atenção do público são os incêndios em veículos elétricos. Enquanto nosso foco principal será na segurança contra incêndios de carros elétricos, discutiremos também a segurança geral de acidentes veiculare.
O que você vai ver aqui:
Segurança contra incêndio
Houve alguns incêndios em veículos elétricos. Isso é incontestável. Essas ocorrências foram vistas com preocupação, como se os carros elétricos fossem, de alguma maneira, mais inseguros porque podem pegar fogo.
Em alguns casos, os incêndios foram aumentados de propósito, para ganho político. Um exemplo nos EUA foi protagonizado pelo candidato republicano Mitt Romney em 2012. Tal linha de politicagem e demagogia se deu em virtude do Chevrolet Volt ser o bebê de Obama (FALSO), que o Volt apresentava risco de explosão (FALSO) e que isso, de alguma forma, comprovava que a política de empregos e tecnologia verdes do presidente Obama era um fracasso.
Um fato é que os carros elétricos correm menor risco de incêndio do que os movidos a combustão.
A maior questão aqui é: se vamos nos preocupar tanto com incêndios veiculares, por que não ficamos tão atentos com incêndios de carros a combustão?
Cerca de 200.000 incêndios com veículos a gasolina ocorrem por ano somente nos EUA (infelizmente não temos dados do número brasileiro). E são tão comuns que não são relatados, exceto nos casos de incêndios particularmente espetaculares. Ah, sim, temos muitas fatalidades todos os anos devido a esses acidentes. É desconcertante ver que um incêndio em veículo elétrico imediatamente garante atenção internacional, enquanto um evento do mesmo tipo com um carro a gasolina não cama atenção alguma.
Não podemos ignorar os incêndios de carros elétricos e tratá-los com a mesma indiferença que reservamos aos que acontecem com carros a gasolina, claro. De fato, seria excelente aumentar o nível de atenção aos incêndios ocorridos com veículos a combustão. Existe um nível apropriado de cuidado com o risco de incêndio em carros elétricos que não seja um exagero?
Até hoje não houve nenhum ferimento ou morte causados por incêndios em algum carro elétrico.
Essa última informação é relevante, pois a Tesla Motors reforça que a maior prioridade da empresa é a segurança do ocupante. Se é improvável para uma montadora conseguir desenhar um carro totalmente à prova de falhas no quesito de risco de incêndio, então qual o papel do fabricante?
Talvez, como a Tesla Motors afirma, esse papel seja o de mitigar o risco de incêndio o máximo possível e desenhar o carro de modo a, caso ocorra um incêndio, reduzir o risco de exposição ao fogo por parte dos ocupantes.
Olhar de forma objetiva a taxa de incêndio em carros elétricos e a combustão é medir o número de eventos comparado ao número de quilômetros rodados para cada tipo de veículo.
Índice de incêndio do Tesla Model S
No início de outubro de 2013, após o primeiro incêndio veicular do Tesla Modelo S, a Tesla Motors divulgou a seguinte nota: “Ocorrem 150 mil incêndios veiculares por ano, conforme a Associação Americana de Proteção a Incêndio – ANPI, e os americanos dirigem por volta de 5 trilhões de quilômetros por ano. Isso equivale a um incêndio a cada 30 milhões quilômetros dirigidos”.
E continuou com: “Desde que o Tesla Model S começou a ser produzido no ano passado, tivemos mais de 250 mil incêndios de carros a gasolina somente nos EUA, resultando em mais de 400 fatalidades e aproximadamente 1200 ferimentos graves”. Enquanto o Tesla não contabilizava nenhum dano a humanos causado por fogo.
Outro lado da moeda
Um artigo na revista de tecnologia do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), sugere que incêndios causados por colisão são mais frequentes com o Tesla Modelo S do que com carros convencionais. Ele sugere que os números divulgados pela Tesla Motors são comparações de “maçãs com laranjas” e que o certo é comparar a taxa de incêndios causados por colisões entre carros a gasolina e carros elétricos a partir do número de acidentes totais.
Usando números da Agência Federal de Gerenciamento de Emergências e do Departamento de Transportes, outro artigo afirma que a taxa de incêndios para carros a gasolina, causados por colisões, é de 1 para cada 32.603 veículos registrados. Esse número é muito mais baixo do que a taxa de um incêndio de 1 para cada 6.333, do Tesla Modelo S registrados. Inferindo daí que uma comparação “maçãs com maçãs” torna o índice de incêndio do Tesla Modelo S pior do que o do carro convencional.
Índice de incêndio de carros elétricos
Em outubro de 2013, 1 bilhão de quilômetros havia sido percorrido por veículos elétricos, incluindo o Chevrolet Volt, o Nissan Leaf, o Tesla Modelo S e o Tesla Roadster nos EUA. É um corte dos carros movidos a eletricidade na America, que por sua vez é um corte dos veículos elétricos no mundo inteiro. Tivemos cinco incêndios de carros elétricos conhecidos, na estrada, em 1 bilhão de quilômetros rodados (dois Fisker Karma e três Tesla Modelo S).
Os números a nossa frente demonstram um incêndio de carro elétrico a cada 200 milhões e uns quebradinhos de quilômetros percorridos.
Não teremos condições de fechar um índice de incêndio dos carros elétricos até que um número muito maior deles esteja nas estradas.
Um dado interessante para destacar é que nem o Nissan Leaf nem o Chevrolet Volt sofreram incêndio na estrada. Sim, tivemos um famoso incêndio de um Chevy Volt, mas após um teste de segurança com batida (crash test). Ocorreram diversos acidentes horrorosos de Volts e Leafs, mas sem incêndios.
As baterias não são tão explosivas quanto a gasolina. Os tanques de combustível são, essencialmente, bombas aguardando a explosão; contudo, criados e desenhados com engenharia de ponta direcionada a reduzir a ocorrência de tal evento.
Não é que as baterias de íon-lítio não possam queimar, é só que não são inerentemente explosivas. Sob circunstâncias favoráveis, as baterias podem pegar fogo. O risco de incêndio de baterias depende da química da mesma, assim como da proteção do invólucro e posicionamento.
O ponto controverso é que qualquer sistema de estoque de energia – seja um tanque de gasolina, ou uma barragem, ou uma pilha de urânio, ou uma bateria – tem o potencial de falha catastrófica causando um acidente.
A maneira do acidente depende da tecnologia de armazenamento. Barragens podem romper, usinas nucleares podem vazar, etc. A redução dos riscos é uma questão de trabalho de engenharia, mas é impossível eliminar o risco totalmente.
Nossa sociedade aprendeu a conviver com a carnificina causada por incêndios de carros a gasolina. Eu suspeito que, ao longo do tempo, os carros elétricos provarão ser muito mais seguros do que os convencionais e que, de qualquer maneira, nos tornaremos, coletivamente, acostumados ao incêndio ocasional de veículo movido a eletricidade tanto como estamos atualmente conformados com os incêndios de veículos a combustão. Torcemos para que sejam bem menos frequentes pelo menos!